Segui em frente caminhando tranquilo, o ar deste lugar era
muito diferente do que estava acostumado, era mais puro.
Ouvi sons e parei, olhei em volta procurando a origem deste
som. Vi a minha direita, a pelo menos oito metros, um grupo de pessoas
caminhando calmamente. Neste momento percebi, o local onde estava em pé parecia
uma estrada estreita, a terra neste ponto era diferente da terra em volta, não
havia grama e era mais escura.
Observei o grupo se aproximar, entre eles haviam três mulheres
e cinco homens. Todos tinham pele em tom pardo, os cabelos eram negros. Tanto
os homens quanto as mulheres usavam roupas feitas em couro batido, um pouco rustico;
as botas também eram em couro, mas eram visivelmente mais bem trabalhadas. Dois
dos homens carregavam machados sobre os ombros, os outros três carregavam
espadas em bainhas. Das mulheres, duas carregavam arcos presos as costas e uma
carregava uma espada.
Junto a eles, haviam 3 cavalos puxando uma carroça coberta
com tecido negro.
Um deles havia me avistado, olhou sério pra mim e gritou
algo que não compreendi. Era um idioma rustico, lembrava um pouco o alemão.
Fiquei parado onde estava aguardando que se aproximassem.
Quando estavam a menos de dois metros pude sentir um cheiro
forte, porém doce. Me lembrava mel.
O homem tornou a falar comigo, outro se aproximou e apalpou
minhas roupas, deviam estranhá-las, afinal, eu vestia uma calça jeans.
_Desculpe – tentei falar – não compreendo o que dizem.
Uma mulher se aproximou, era muito bela. Devia ter em torno
de 23 anos. Ela tocou meu rosto e olhou fixamente em meus olhos. Olhou para o
grupo e falou algo, começara a conversar entre eles e um minuto depois, pegaram
no meu braço e me puxaram. Não forçaram, não usaram força, apenas me indicaram
para onde ir.
Os segui, não havia como discutir. E para ser sincero, não
senti medo algum. Eu estava curioso, queria conhecer essa terra e tudo o que
havia nela.
Chegamos a uma vila, as casas feitas em madeira. Me levaram
a uma casa um pouco maior e bateram à porta, uma das mulheres entrou e pouco
tempo depois saiu, seguida por um senhor bastante idoso. A pele de mesmo tom,
mas o cabelo era de uma brancura jamais vista por meus olhos.
O senhor me encarou, fez um gesto indicando que eu entrasse
em sua casa. Entrei, a porta fechou atrás de mim. Ele me indicou que sentasse
em um tapete, era pele de urso esticada, percebi por que a pele mantinha a
cabeça.
Ele sentou-se à minha frente e sorriu. Tocou em minha cabeça
e então, tive a sensação mais estranha. Primeiro, um frio percorreu meu corpo
seguido de um calor intenso. Em seguida, ouvi zunidos em meus ouvidos e minha
visão turvou rapidamente.
_Olá – ele falou, sua voz era firme, grave – creio que agora
podes me compreender.
_Sim – sorri – na verdade sim.
_Que bom. Vejo – ele olhava fixamente em meus olhos – que não
és deste mundo.
_Na verdade não sou. – como ele sabia? – Mas, como pode
saber isso?
_Veja, não sei ao certo o que você é, mas sei que é humano.
Não pertence a este mundo ou, pelo menos, a esta era. Mas posso ver em você que
és, assim como eu, um mago.
_Um mago? – perguntei, mas eu sabia que era.
_Sim, não sei como chamam de onde veio. Somos dotados de
magia, uma energia universal capaz de moldar tudo ao nosso redor.
_E como eu consigo te entender se falavam um idioma
estranho? – perguntei curioso, tinha a impressão que este senhor teria várias
respostas.
_Aqui falamos o idioma Nanfarí.
Muitos falam este idioma. Para que você pudesse me entender, usei uma magia
chamada Unifalus,
uma magia capaz de te fazer compreender todo e qualquer idioma. Enquanto você
me entende, ao mesmo tempo, você aprende. Se daqui um mês eu cancelar a magia,
você continuará a me entender e será capaz de falar comigo em meu idioma.
_Isso é interessante. Não sabia que existia algo assim. Eu
mesmo só conheço uma magia, e ela não possui um nome.
_Toda magia possui um nome. Eu não faço muitas, minhas
magias estão relacionadas ao conhecimento. Como é essa sua magia?
_Posso me transportar para outros lugares, até mesmo lugares
que nunca estive. Nasci em um planeta chamado Terra e por muitos anos me
transporto para outros mundos em busca de conhecimento e um lugar melhor. –
lembranças da Terra invadiam minha mente agora, era doloroso lembrar.
_Você é o que chamamos de Mago Planar. E sua magia chama
Teleporte Planar. Porém, nunca conheci um mago planar capaz de viajar entre
planos sem nem ao menos saber sobre sua existência e, os que conseguem, normalmente
morrem muito cedo. Você ao certo tem algo de mais especial.
_Creio que sou apenas sortudo.
_Ser sortudo também é algo especial. Nem todos nascem com
sorte. Alguns nascem para viver uma vida cheia de desgraças. – o velho fez uma
pausa. – Sabe meu jovem, eu tenho duzentos anos. Um dia terei que morrer e,
aqui em minha tribo, nenhum é capaz de conjurar magias como as minhas. Você não
deseja ficara aqui um tempo para que eu possa lhe ensinar algumas magias?
_Seria realmente bom, até por que, não tenho onde ficar.
_Fique tranquilo. A partir de hoje, me chame de Ugnar.
_Certo, Ugnar.
_E como devemos te chamar?
_Eu sou Elki Yedda. – falei com meio sorriso, adorava meu
nome.
O velho se levantou e pediu para que eu o acompanhasse.
Saímos de sua casa. Do lado de fora, muitos dos habitantes da aldeia estavam
parados a porta esperando que saíssemos.
_Povo Khon, hoje venho anunciar a vocês um novo membro de
nossa tribo, ela não é deste mundo, é um viajante planar e ainda não conhece a
magia como ela é. Por isso, eu irei treiná-lo e ele herdará a magia de Ugnar! –
ele falava em alto som para que todos pudessem ouvi-lo bem – Tratem-no como
irmão, protejam-no como filho, e ensine-o tudo aquilo que puderem sobre nossas
terras.
Todos soltaram um urro e um a um, durante algum tempo, se aproximou
para me cumprimentar.
_Ei Ugnar, quem é aquela? – disse apontando para a mossa que
vi no meio da estrada.
_Aquela é Agna, uma de nossas melhores arqueiras. Uma das
poucas capazes de usar magia. Infelizmente ela não pode usar magias do
conhecimento. Ela só tem domínio sobre o fogo. Vamos, descanse por hoje, você
tem muito o que aprender sobre Magia.